Princípio Conversacional Cooperativo de Grice
Princípio Cooperativo de Grice
Para Santos (1997), Grice, em seu
modelo de comunicação, o Princípio Cooperativo, pressupõe que as pessoas aderem
a uma certa regra de conduta para a conversação, procurando serem cooperativas
umas com as outras. Fazem perguntas, dão respostas, esperam a sua vez de falar,
fornecem as informações necessárias. Grice formula esse Princípio Cooperativo
ressaltando que o interlocutor faça a sua contribuição de modo que se espera
que ela aconteça, no momento em que ela deve acontecer com o objetivo em
andamento. Estrategicamente, para a realização dessa forma comunicacional,
Grice apresenta um conjunto de quatro máximas para que a comunicação seja
bem-sucedida.
MÁXIMA DE QUANTIDADE
De acordo com Santos (1997, p. 43), a
máxima da quantidade diz respeito à necessidade de que as informações sejam
dadas em quantidade suficiente para que o texto seja compreendido. Por exemplo,
quando convidamos alguém para uma festa devemos fornecer as informações
necessárias para que a pessoa possa participar dela. Quais seriam essas
informações? A razão da festa é uma delas. Sabendo qual a razão da comemoração,
o convidado poderá escolher o presente, a vestimenta e até decidir se vai ou
não à comemoração. A data e o horário da festa são importantes para que o
convidado agende-se e não a esqueça. O local é importante, também, para que o
convidado possa estar presente e para a escolha da vestimenta. Esse
procedimento chama-se esforço cooperativo.
MÁXIMA DE QUALIDADE
Grice (1982) acredita que quando
estamos em uma interação verbal devemos alocar somente informações que sejam
importantes para a manutenção da interação. Também se espera que, em respeito a
essa máxima, os interlocutores apresentem informações verídicas (Santos, 1997).
Não se deve informar, portanto, aquilo que se acredita ser falso ou de que não
se tenha certeza da veracidade. A violação da máxima de qualidade pode
ocasionar problemas no resultado final da interação, que certamente será
diferente do esperado. Vejamos o caso de um aluno que falta algumas aulas e
busca informações com uma colega sobre o que ele perdeu em termos de trabalhos
e conteúdos. Se a colega não souber dar as informações que o aluno busca, ele
não terá como realizar as atividades que precisa e o resultado será negativo.
MÁXIMA DE RELEVÂNCIA
A máxima da relevância (ou da
relação, nas palavras de Grice (1982) diz respeito à adequação das informações
ao contexto de interação. A pessoa deve ser relevante para o momento da
conversação, não acrescentar informações que possam confundir a compreensão do
leitor, ser direto ao se pronunciar. Quando alguém pergunta a você que horas
são, essa pessoa espera que você diga algo como: são 15 horas. Agora, se você
resolve dizer algo como “Está frio hoje” em resposta à pergunta das horas, você
está violando a máxima da relevância, pois sua resposta não é relevante à
pergunta. No extremo da violação da máxima da relevância, a conversa torna-se
incompreensível.
MÁXIMA DE MODO
A máxima de modo diz respeito às
formas de expressão de ideias e informações. Os interlocutores, em respeito a
essa máxima, devem utilizar a linguagem de forma clara, precisa, concisa e
ordenada, com o objetivo de que haja entendimento na interação.
Na máxima de modo, Grice apresenta
quatro maneiras de violação da máxima:
v obscuridade:
uso de palavras ou expressões que dificultem o sentido do texto ou que sejam
difíceis, técnicas e desconhecidas, consequentemente, incompreensíveis ao
interlocutor;
v ambiguidade:
uso de elementos da linguagem que permitem a dupla interpretação ou a
referência a mais de uma explicação;
v prolixidade:
uso de muitas palavras para dizer algo bem simples e que poderia ser dito de
forma mais concisa;
v desordem:
colocação das informações de forma não sequencial, dando a impressão de que
cada sentença está solta, sem organização.
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