As Utopias

Segundo Kolakowski 6, as ideias utópicas são
características do campo das esquerdas, pois seriam atributo delas o desejo de
transformar e revolucionar o mundo, já que seriam as esquerdas as descontentes com a
realidade, enquanto que os que nada ou pouco querem mudar seriam os que se
contentariam com a ordem social, seja por mediocridade, extremo desalento ou porque
dela auferem vantagens. Neste sentido, as utopias passam a ser, para as esquerdas, um
rumo, um horizonte, uma meta, algo que orienta as ações coletivas e os melhores
esforços. As utopias, menos que um devaneio irrealizável sobre um lugar que não
existe, tornam-se um paradigma, um modelo, um projeto, um arquétipo, um sistema de
ideias a nortear ações revolucionárias em prol do socialismo, da igualdade e da
liberdade. Renunciar às utopias significaria, então, uma atitude derrotista de resignação
e de submissão.
Diz-se que os dois pensamentos políticos contemporâneos - Liberalismo e
Socialismo - buscam dois ideais importantes, a Liberdade e a Justiça Social, mas de
forma excludente: os socialistas sacrificando a liberdade em busca da igualdade e da
justiça social, os liberais, ao contrário, sacrificando a justiça social em nome da
liberdade. Unir os dois anelos - Justiça Social e Liberdade - parece ser o nosso desafio
contemporâneo.


6 Leszek Kolakowski, filósofo polonês, autor de L’Esprit Revolutionnaire, 1985,s.e.

http://www.professores.uff.br/seleneherculano/images/AS_UTOPIAS.pdf

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