O que é a Síndrome de Gabriela ?
A Síndrome de
Gabriela
Certamente quem já passou dos 40 lembra-se
da novela Gabriela, Cravo e Canela. Mais precisamente da protagonista: Sônia
Braga. No auge da beleza ela dava vida ao personagem desejado pelos homens e
invejado pelas mulheres: Gabriela. Mas o que tem a ver novela
Certamente quem já passou dos 40 lembra-se
da novela Gabriela, Cravo e Canela. Mais precisamente da protagonista: Sônia
Braga. No auge da beleza ela dava vida ao personagem desejado pelos homens e
invejado pelas mulheres: Gabriela. Mas o que tem a ver novela com o mundo
corporativo? A novela em si quase nada, mas a música tema da trama
brilhantemente escrita por Jorge Amado tem sim tudo a ver. Os versos cantados
por Maria Bethânia traziam um tom brejeiro para o personagem e dizia assim: “eu
nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...
Gabriela... sempre Gabriela”.
A partir destes versos eu afirmo: tem
muita gente com síndrome de Gabriela! Quantas pessoas você conhece que repetem
o discurso: eu nasci assim, e sou mesmo assim e não mudo, não mudo e não mudo!
Tenho certeza que já se deparou com diversos colegas que falam, pensam e agem
desta forma.
O fato é que com tantas mudanças
ocorrendo no mundo afora ainda tem gente que insiste em querer fazer tudo
igual, sem chance de abrir uma possibilidade para o novo. Pior é quem acredita
que essa postura retrógrada é boa para si e para a empresa. A única certeza que
temos é que tudo mudará! Para uma empresa crescer é necessário passar por
mudanças. Para um profissional ascender na carreira também. Claro que nem toda
mudança é positiva, mas quanto mais resistimos ao inevitável, mais sofremos.
Por isso, é preciso aprender sobre elas e com elas.
Realmente não é fácil lidar com as
mudanças. Existem muitos fatores que levam as pessoas a lidar de forma negativa
com as mudanças. Entre eles destaco três: a homeostase, o interesse pessoal e o
pensamento de curto prazo. Existe uma velha frase no meio esportivo que reforça
a ideia de homeostase: em time que está ganhando não se mexe. É aquela pessoa
que quando sai de férias viaja sempre para o mesmo lugar e faz tudo sempre
igual. Seguramente está perdendo a oportunidade de aprender com o novo e de
descobrir outras possibilidades.
Há pessoas que simplesmente não mudam
por puro interesse pessoal. Infelizmente vemos diversos casos assim na política
nacional, nas entidades de classe, em cargos de comando nas empresas e em
outros ambientes onde estas pessoas se beneficiam de alguma forma com esta
estagnação. O pensamento de curto prazo normalmente acomete as pessoas por
falta de hábito em planejar. Enquanto há aqueles que vivem planejando e
raramente fazem alguma coisa, há também outros que não pensam no futuro.
Somente vivem suas vidas como aquela outra música do Zeca Pagodinho e que chamo
de hino da inoperância: “deixa a vida me levar, vida leva eu...” Como tem gente
nas empresas agindo assim e se sentindo o máximo.
O resultado de tudo isso é o medo!
Basicamente as pessoas têm medo das mudanças por causa do medo. O medo nosso de
cada dia: o medo de dar errado, o medo de não conseguir, o medo de se frustrar,
o medo de arriscar, o medo do ridículo, o medo de não ser aceito, o medo de
sentir medo.
Diante de tudo isso, será que é
possível lidar bem com as mudanças? Claro que sim, mas para isso é preciso
criar um ambiente corporativo favorável e que passa por alguns aspectos:
melhorar a comunicação entre todos os níveis; fortalecer o pensamento
estratégico e de longo prazo a todos os funcionários; preparar mais e melhor as
lideranças; gerar oportunidades para que as pessoas tentem e participem sem o
medo de punição; e fundamentalmente difundir o conhecimento, os planos de
futuro e as expectativas do presente. Com estas ações é possível criar um clima
interno de motivação para a mudança.
Outro fato é que a mudança está cada
vez mais acelerada. Com os avanços tecnológicos e das comunicações o mundo se
torna constantemente mais veloz. Também temos o fator densidade populacional.
Há mais pessoas no mundo o que aumenta a concorrência. Para se destacar em meio
à multidão é preciso uma excelente capacidade de adaptação. As teorias de
Charles Darwin também podem servir para o mundo corporativo. Ou seja, hoje em
dia e no futuro sobreviverão aqueles que forem mais ágeis, mais rápidos, mais
dinâmicos e assertivos. Portanto, fique alerta para perceber se você também não
pegou o vírus da síndrome de Gabriela. O primeiro sintoma é começar a achar que
tudo está bom do jeito que está!
Rogério
Martins
rogerio.martins@personaconsultoria.com.br
Graduado em
Psicologia e possui Pós-Graduação em Recursos Humanos e Psicodrama
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